Afinal, quem é essa Criança Interior?
É uma parte inconsciente da nossa mente, que carrega todas as experiências, comportamentos e padrões que nos foram ensinados.
A nossa Criança Interior é a guardiã da inocência – ela é muito presente na nossa vida, pois está relacionada com a primeira infância – aquilo que temos como primeira memória de vida.
A nossa Criança Interior é a manifestação do Divino dentro de nós. É ela quem cultiva o nosso entusiasmo, a leveza, a curiosidade, o humor, a espontaneidade, a criatividade, a nossa capacidade de brincar e também a nossa intuição.
Mas, a Criança Interior também reprime todas as emoções, as necessidades não satisfeitas, as dores e os traumas.
O relacionamento que tivemos com os nossos pais (ou aqueles que fizeram esse papel) é que molda os relacionamentos que temos na vida adulta. E, aqui temos uma grande questão. Nunca paramos para pensar que nossos pais, avós e demais ancestrais, já foram crianças, um dia! E, também carregam dentro de si, essa Criança Interior – alegre, mas repleta a de traumas.
Portanto, podemos dizer que é, também, através dessas vivências que os nossos ancestrais vão repassando, através das gerações, suas alegrias, dores, traumas, vivências e experiências.
Por isso, os padrões familiares se repetem, porque nossos ancestrais não conseguiram lidar com suas questões emocionais e, consequentemente, não puderam lidar com as questões emocionais dos seus filhos – e, assim, consecutivamente.
Por isso, desde a tenra infância, vamos nos “moldando” de acordo com o que os nossos pais esperam de nós – para que possamos nos sentir pertencentes e valorizados, principalmente, quando fazemos algo “bom” que eles aprovam. E quando fazemos algo “ruim” que eles desaprovam, temos vergonha e nos retraímos.
Por isso, dentro da linha arquetípica, temos várias facetas da Criança Interior:
Criança Divina – aquela que é completa, inteira em todos os quesitos corpo, alma e espírito.
Criança Inocente – aquela que não enxerga a realidade como ela é, que deseja a felicidade acima de tudo.
Criança Órfã / Abandonada – aquela que sofreu algum tipo de abandono (real ou não) e guarda esse trauma.
Criança Ferida – aquela que sofreu algum tipo de abuso físico, emocional, sexual ou qualquer outra negligência.
Eterna Criança – aquela que não quer crescer e nem assumir responsabilidades.
Mas, independente, de qual arquétipo você mais se identifica, é importante ressaltar que a nossa Criança Interior tem uma ferida, um trauma, uma dor e que essas emoções não resolvidas ou necessidades que não foram atendidas, continuam existindo dentro de nós, causando: baixa autoestima, autoimagem distorcida, medo de críticas, medo de abandono nas relações, resistência a mudanças.
As coisas que nos foram ditas, que ouvimos, cenas que presenciamos, ficam registradas na nossa memória.
Essas vivências em nossa infância podem fazer com que nossas fantasias infantis se tornem recorrentes e venham à tona em diferentes situações em nossa vida adulta.
As fantasias da criança interior funcionam como professores que nos permitem ver onde precisamos de cura. Onde precisamos honrar a parte de nós mesmos que não conseguiu o que precisávamos, em uma fase muito importante de nosso desenvolvimento.
Em geral, a criança toma tudo que lhe é dito como verdade, principalmente se essas falas são pronunciadas pelos, pais, professores, avós ou demais pessoas que a criança entende como sendo importantes ou referência em suas vidas.
Acontece, porém, que nem todas as coisas que ouvimos nessa fase de nossas vidas foram positivas e isso, infelizmente, pode ter nos deixado confusos, assustados e até mesmo desconectados da nossa natureza infantil.
Talvez você tenha ouvido: você não é boa em matemática, você é burra, você não tem modos, você deveria ser como seu irmão, foi sua culpa se eu gritei, desse jeito você nunca terá amigos, entre tantas outras frases que podem ter causado um estrago grande, dentro de você.
E, como dá para saber que a Criança Interior está ferida?
Porque você tem medo de se expressar, tem vergonha de se expor, vai seguir o que os outros fazem, querem ou dizem, tem medo de ser criticada, tem dificuldade em falar não, está sempre tentando fazer algo pelos outros e não olha para suas próprias necessidades, muitas vezes, sente-se responsável pelas emoções dos outros.
Na maioria das vezes não damos a devida atenção a esses sinais, dessa forma, não damos a atenção necessária à nossa Criança Interior; e assim, repetimos o ciclo de não ouvi-la.
Por sinal, é muito comum falarmos coisas para as crianças, sem ter a percepção do quanto palavras e frases tem o poder de elevar ou diminuir a autoestima delas.
É preciso disponibilidade para olhar para dores e traumas que aconteceram, dar um lugar a toda a nossa história, sem isso, não será possível prosseguir nesse caminho de acolhimento.
Quando damos um lugar à nossa Criança Interior, e o processo de cura vai se fortalecendo, chegaremos num patamar onde também conseguiremos acolher a Criança Interior daqueles que estão próximos. Fica mais fácil percebe quando a Criança se manifesta.
Curar a Criança Interior é um processo muitas vezes LONGO. É onde aprendemos a ter paciência e aceitação por nós mesmos e por nossa história.
A Terapia é excelente, dentro desse processo, pois lhe fortalece e auxilia a lidar com todos os traumas, ressignificando tudo que é necessário.
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